Abrindo a programação do último dia do 48º Encontro Paranaense de Entidades de Classe, a sexta-feira (28) começou com os participantes sendo provocados a refletir sobre o Trabalho do Futuro e o Futuro do Trabalho, a partir da palestra ministrada por Flávio Tavares.
Com uma apresentação dinâmica e desafiadora, o palestrante iniciou as reflexões a partir do hoje, classificando nosso modo de vida como a era da ultra conveniência. “Queremos tudo rápido, com pouco movimento. Tudo perto, sempre ágil. Estamos cada vez mais impacientes e, com isso, nunca vivemos tantos processos de inércia como agora. Não queremos movimento físico e nem emocional. O que acontece em nossa jornada agora é que talvez estejamos em uma vida automática, mecanizada, controlada, organizada, robotizada”, classificou o palestrante.
Embora tenhamos hoje, nas relações profissionais e pessoais, a era de mais informação gerada no planeta, isso não quer dizer que tenhamos conhecimento, segundo ele. “Nos alimentamos de informação e estamos engordando, cada vez mais obesos e sem movimentos”, pontuou.
Trazendo para a realidade nacional, o palestrante lembrou que o Brasil é o país que passa mais tempo em aplicativos no mundo. “O que isso quer dizer? O algoritmo vai confirmando teses que estão dentro de você. Não queremos mais aceitar o diferente, o contraditório, sem perceber que somos massa de manobras de um algoritmo. Não querer viver com o diferente é um sintoma da robotização. Estamos vivendo parados, achando que estamos nos movendo”, considerou.
A partir da ótica profissional, como podemos considerar o futuro do trabalho sem questionar essa robotização? Assim, instigando os participantes ao movimento, ao novo, à abertura para um novo olhar, uma nova relação, um novo comportamento, Flávio exaltou a necessidade urgente de rompermos, como pessoas e profissionais, a terra de robôs e enxergarmos nas relações e conexões humanas o poder do amanhã.
“A sabedoria hoje consiste na qualidade da pergunta que a gente gera. A natureza se move, o planeta se move, nós nascemos para nos movermos. Por isso, falar sobre o futuro do trabalho não é sobre inovação tecnológica, mas sobre inovação humana, sobre os tipos de seres humanos que estamos formando para lidar com essas tecnologias. Nosso grande desafio é aprender e desaprender para aprender de novo”.
A reflexão sobre o surgimento de ideias também foi outro ponto da palestra, sendo que as mesmas, segundo ele, são estimuladas através de experiências e vivências. Na sua apresentação, Flávio destacou ainda a importância do olhar para fora, da construção de laços profundos nas relações – sejam pessoais ou profissionais -, e de sermos útil para o mundo, com exemplos de iniciativas como da empresa TOMS, que a cada sapato vendido passou a doar um para quem nunca usou um sapato na vida, assim como da Warby Parker, com a doação de uma armação de óculos para cada unidade vendida. Com foco no compromisso do consumo eficiente, Flávio falou da empresa Patagônia.
“Não existe coragem sem medo. É preciso olharmos para o outro, sermos úteis para alguém”, conclui.
Currículo
Flávio Tavares é fundador do Instituto Parar e do Welcome Tomorrow, movimentos sobre mobilidade e futuro; fundador e CEO da Upper – The ADucation Ecosystem, que objetiva transformar toda empresa em uma learning organization e sócio-fundador do Conselho Virtual, que democratiza o acesso à conselho consultivo para pequenas e médias empresas. Além disso, é proprietário da Moovr, uma empresa que tem o propósito de treinar empreendedores e ensiná-los a construir movimentos relevantes tendo como base a educação e a construção de ecossistemas.
Texto: Patrícia Biazzetto – Comunicação Crea-PR
Fotos: Levi Rodrigues Ker e Elias Ker